Mitologia Armênia muito pouco se conhece da mitologia armênia do pré-cristianismo; a fonte mais antiga a este respeito são as lendas citadas na História da Armênia, de Moisés de Corene.
A mitologia armênia era muito influenciada pelo zoroastrianismo, com divindades como Aramazd, Mihr ou Anahit, bem como tradições assírias, como Barsamin, embora também existam indícios fragmentários de tradições nativas, como Haik ou Vahagn e Astghik.
De acordo com o arqueólogo francês Jacques de Morgan, alguns sinais indicariam que os armênios inicialmente veneravam entidades da natureza, e que esta crença com o tempo foi se transformando no culto a deuses nacionais, muitos dos quais tinham equivalentes nas culturas romana, grega e persa.
O acadêmico dinamarquês Georg Brandes descreveu os deuses armênios em sua obra: "quando a Armênia aceitou o cristianismo, não foram apenas os templos que foram destruídos, mas também as canções e poemas sobre os antigos deuses e heróis, que eram cantados pelo povo. Existem apenas raros trechos destas canções e poemas, trechos que testemunham uma grande riqueza espiritual e o poder de criação deste povo, e que por si só são motivo suficiente para se recriar os templos dos antigos deuses armênios. Estes deuses nem eram os demônios celestiais asiáticos nem os delicados e preciosos deuses gregos, mas sim algo que refletia as características do povo armênio que vinham sendo polidas ao longo dos séculos, algo ambicioso, sábio e, e bom coração´
Ardvi (ou Aredvi) Sura Anahita (Arədvī Sūrā Anāhitā) ou, simplesmente, Anahita (que significa “A força imaculada da água”), é a Deusa persa antiga que personifica a fonte celeste de todas as águas da terra, sendo o poder fertilizador da Lua, da água e da chuva – a água que vem das estrelas, por isso ela também é vista como uma Deusa do Amor, é responsável pela produção da vida, padroeira da reprodução, aquela que purifica o sêmen do homem e abençoa o ventre e os seios da mulher.
Anahita personifica as qualidades físicas e metafóricas da água (úmida, forte, imaculada), especialmente o poder fertilizador que fluía da sua fonte sobrenatural nas estrelas e ela regia todas as águas: dos rios, córregos, cachoeira, lagos, mar, chuva, o orvalho e o líquido amniótico. Devido às suas qualidades maternais, Anahita presidia na concepção e geração das crianças (purificando o sêmen, fortalecendo o útero e abençoando o leite) sendo, portanto, a padroeira das mulheres e crianças, uma das muitas manifestações da Grande Mãe das tradições orientais.
Por sua associação com a Lua ela também é tida como uma Deusa da noite e das estrelas (principalmente Vênus). Em dado momento ela era a figura da mãe, a que nutria. E em outro, a da guerreira, a que defende seus protegidos, a Senhora da vitória nas guerras.
Anahita também era regente da magia e seus sacerdotes recitavam textos secretos nas suas reuniões e ofertavam encantamentos sagrados para a deusa na lua nova e em datas especiais.
Nas suas representações Anahita aparece ora como uma linda donzela com um diadema de ouro e carregando um jarro com água, ora como Mãe dourada, protetora do seu povo, nutrindo e protegendo-o dos inimigos. Suas estátuas a representa vestindo um manto dourado e bordado, preso com um cinto de ouro, enfeitado com peles de lontra e com uma flor de romã entre os seios. A sua coroa de ouro tem oito raios e dezenas de estrelas e ela usa brincos, colar e sapatos com enfeites de ouro.
Anahita se desloca em uma carruagem dourada, puxada por quatro cavalos brancos, representando o vento, a chuva, as nuvens e o granizo. Seus animais sagrados eram a pomba, a ovelha, a lontra (cuja pele reflete matizes douradas e prateadas) e o pavão por sua extrema beleza. Com o passar do tempo, Anahita foi adquirindo cada vez mais características da deusa Ishtar, recebendo o título de “Senhora” e a sua carruagem passou a ser puxada por leões. Diferente de outras deusas leoninas, os leões de Anahita são mansos e bebem água de uma vasilha colocada sob as rodas da carruagem, realçando assim a conexão da deusa com a água
Por personificar a fertilidade da água, ela era a padroeira da procriação e dos nascimentos e o hieros gamos “casamento sagrado” fazia parte dos seus rituais. Filhas das famílias nobres eram entregues aos templos para servirem por algum tempo como hierodulas ou “prostitutas sagradas”; na Babilônia as jovens da nobreza ofertavam à Deusa sua virgindade. Os ritos sexuais e a prostituição sagrada que aconteciam nos seus templos visavam purificar a concepção e a geração de filhos abençoados por ela.
Com o passar do tempo, o enfoque dos rituais de Anahita passou a ser o seu aspecto marcial como deusa padroeira da guerra e doadora das vitórias. Os guerreiros e chefes das tribos faziam grandes sacrifícios de animais brancos invocando a sua proteção e ajuda. Após os sacrifícios havia uma ceia comunitária com farto consumo da carne e de uma bebida ritualística, haoma, que abençoada com encantamentos especiais, para afastar os maus espíritos e induzia um estado alterado de consciência favorecendo o contato com os Deuses.
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