Mitologia Aborígene Australiana
Embora colonizada pelos ingleses há apenas 225 anos, a civilização indígena da Austrália tem aproximadamente 70.000 anos e os mitos dessa cultura, uns 10.000 anos.
Muitas de suas histórias se originaram das características geológicas da região das tribos que as contavam. Embora os mitos não fossem escritos naquela época, fenômenos locais específicos descritos em alguns deles servem para situá-los dentro desse período. Não é menos do que milagroso que as mesmas narrativas tenham sido passadas de geração em geração, e que tenha sido apenas através da tradição oral que as histórias sobreviveram para serem contadas hoje.
Uma extensão de terra colossal, a Austrália indígena continha uma extraordinária variedade de tribos, aproximadamente 400, cada uma com o seu próprio idioma e sistema de crenças. Como tal, mencionar apenas uma mitologia mal arranharia a superfície, por isso mergulharemos em algumas das mais fascinantes histórias de todas as partes do continente.
Dreamtime (Tempo dos Sonhos)
A mitologia aborígine australiana faz referências a três reinos principais = o humano, o terreno e o sagrado.
Durante a criação do mundo, antes que a vida humana fosse criada, existiu uma era conhecida como Dreamtime, Tempo dos Sonhos. Os abor´genes australianos acreditavam que, após a Criação, as pessoas passaram a viver simultaneamente no mundo físico e no Tempo dos Sonhos, sugerindo que tanto na vida como na morte uma parte de nós reside no Tempo dos Sonhos eterno. Para melhor compreender e influenciar o seu meio ambiente, as tribos cantavam e rezavam para o arquétipo no Tempo dos Sonhos de qualquer pessoa, animal ou ser que elas precisassem de ajuda para compreender; por exemplo, podiam apelar para o crocodilo do Templo dos Sonhos a fim de ajudar a controlar a versão do mesmo animal na vida real.
As lendas do Templo dos Sonhos são usadas como mitos etiológicos e lições morais, transpondo essas lições para as vidas dos contadores de histórias, e, como tal, continuam sendo uma parte importante da cultura aborígene. Cobrindo uma extensão de terra tão vasta, é compreensível que os mitos sobre o Templo dos Sonhos variem de tribo para outra, e que, portanto, um conjunto de mitos individual se torne parte inalienável da identidade de cada clã.
WALKABOUT ( ANDANÇAS)
Os aborígenes australianos estavam – e ainda estão – inextricavelmente ligados ao território ao seu redor, Uma parte extremamente importante de sua civilização é o conceito de walkabout, ou “andança”, uma jornada empreendida pelos adolescentes durante a qual percorre. Os antigos caminhos de seus ancestrais. Durante o percurso, esses rapazes param em locais predeterminados e realizam uma série de cerimônias tradicionais.
As canções e cerimônias associadas à essas jornadas de reclusão deram origem ao termo “songlines” [“trilhas de canções”], que descrevem os caminhos percorridos pelos jovens. essas rotas se entrecruzam por toda a Austrália e unem locais como nascentes, cavernas, marcos e significativas fontes de alimento que são de grande importância para diferentes tribos. Os jovens passam até vários meses conectando-se com o território e com os ancestrais através do antigo ritual compartilhado; aprendem a viver a partir da própria terra e a alcançar o contentamento e a paz por meio da solidão.
Ao retornarem, espera-se que tenham se tornado homens.
As canções e cerimônias associadas à essas jornadas de reclusão deram origem ao termo “songlines” [“trilhas de canções”], que descrevem os caminhos percorridos pelos jovens. essas rotas se entrecruzam por toda a Austrália e unem locais como nascentes, cavernas, marcos e significativas fontes de alimento que são de grande importância para diferentes tribos. Os jovens passam até vários meses conectando-se com o território e com os ancestrais através do antigo ritual compartilhado; aprendem a viver a partir da própria terra e a alcançar o contentamento e a paz por meio da solidão.
Ao retornarem, espera-se que tenham se tornado homens.
A SERPENTE ARCO ÍRIS
Apesar do assombroso conjunto de sistemas de crenças existentes na austrália, um personagem aparece mais de uma vez: a Serpente Arco-Íris. As histórias e os nomes que lhe são atribuídos variam, mas geralmente ela é associada à água e, portanto, à própria vida. Em muitas histórias, ela acaba devorando as pessoas, mas também traz tradições e costumes para o povo australiano. A Serpente Arco-Íris é usada como um mito de criação, bem como uma explicação para as leis, os costumes e a cultura tribal totêmica que existem em toda Austrália.
Durante o Tempo dos Sonhos, nos primórdios do tempo, enquanto a serpente viajava de norte a sul da Austrália, as marcas de sua perambulação foram dando origem aos vales, rios e riacho. Finalmente, ela criou os sapos, que emergiram da terra com as barrigas cheias d'água. A Serpente Arco-Íris fez cócegas nelas, e a água jorrou por todo mundo, enchendo os ris e o lagos. A partir daí, todas a demais formas de vida - tanto vegetais quanto animais- emergiram. Os cangurus, os emus, as cobras, os pássaros e os outros animais seguiram a Serpentes Arco-Íris pelo território afora, cada animal ajudando a manter o equilíbrio ecológico ao caçar somente para sua própria espécie.
A serpente trouxe leis e decretou que aqueles que desobedecem deveriam permanecer sob a forma animal, ao passo que os que se comportassem bem seriam levados a forma humana. Cada tribo recebeu um totem animal de que descendia, como ícone identificado e lembrete de suas origens. Era-lhes permitido comer de tudo menos o animal ancestral, o que significava que haveria comida bastante para todos - uma crença útil em uma terra onde os recursos são tão escassos.
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